Comparação
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Filtros nas redes sociais: quando devo ficar em alerta sobre o uso?

Quem gosta de colocar a cara no sol dos stories com filtros, já sabe: pode ser muito divertido usar essa ferramenta pra se conectar com as nossas comunidades. Mas se não observarmos com cautela, podemos cair do outro lado do uso: o lado da comparação e da distoção de imagem. No artigo, você encontra dicas de como ficar em alerta e potencializar o que os filtros têm de melhor a oferecer.

Não há dúvidas de que os filtros de realidade aumentada ajudaram a gente a colocar nossa cara no sol nas redes sociais. Teve quem encontrou neles uma forma de se expressar com mais criatividade, há quem abrace o estilo #semfiltro de ser pra tudo e há, infelizmente, quem sinta os efeitos negativos. Onde você se encontra?

“Os filtros podem ter um papel nocivo quando a gente começa a ver que algumas pessoas os usam sistematicamente e com o tempo não conseguem mais não usar”, alerta o diretor de educação da @SaferNetbr, Rodrigo Nejm. “É claro que o desejo de modificar a própria imagem não é inaugurado com os filtros. A grande diferença agora é a escala e a incorporação dos filtros na rotina digital, permitindo uma presença sempre editada nas redes. O problema surge quando a imagem não editada gera desconforto ou, ainda mais grave, surge precocemente na adolescência o desejo em fazer cirurgias plásticas para “editar” o corpo." 

“Em casos mais graves, esse uso contínuo pode levar à dismorfia corporal – que é quando uma pessoa foca muito em algo que ela considera um defeito. Os filtros também podem fazer com que a gente acredite que a beleza é só aquela. E você deixa de ter essa visão de que a beleza é múltipla: que as pessoas são diferentes e que tá tudo bem ter manchinhas e rugas, ter caras reais”, afirma Karen Scavacini, fundadora do Instituto @VitaAlere de Prevenção e Posvenção do Suicídio.

Existe uma série de sinais de alerta sobre o uso de filtros, dentre eles, destacamos: 

Não ter consciência que uma imagem pode estar com filtro

Os filtros mais discretos, que simulam procedimentos estéticos ou maquiagens naturais fazem com que a gente não compreenda com facilidade que estamos vendo uma imagem filtrada. Podemos nos comparar com uma versão editada do outro e isso aumenta ainda mais o fosso de comparação social, que pode causar um sofrimento emocional. Para isso, vale lembrar: as imagens com filtro possuem uma sinalização de uso (com o nome do filtro usado) no topo.

Não querer mais publicar sua imagem sem filtro e se incomodar quando se vê sem eles

Especialmente em crianças e adolescentes, preste atenção se existir uma reação desproporcional ao ver publicada uma foto sem filtro. É importante que a gente se reconheça também nas imagens não editadas.

Sentir o desejo de fazer alterações ou cirurgias estéticas para aproximar seu rosto real do que você vê nos filtros

Um sofrimento emocional que passa a existir quando a pessoa não se sente mais confortável com sua imagem como ela é e quer, por todos os meios, se tornar como aquela imagem filtrada de si.

E o que nós podemos fazer para lidar melhor com os filtros? Aqui vão 4 dicas essenciais:

1 - Experimente e aprenda sobre eles (até para reconhecer melhor imagens filtradas).

2 - Acompanhe a vida digital de crianças e adolescentes e entenda que tipo de expressão eles têm feito online. 

3 - Aprecie a diversidade da beleza! Corpos diferentes, cores diferentes, manchas, rugas e outros traços são naturais. 

4 - Siga pessoas que mostrem seus rostos e suas vidas sem filtro também.

E não se esqueça: redes como o próprio Instagram têm filtros para os filtros: existem critérios para liberar essas criações. E é possível denunciar quando você perceber que um filtro pode ter um efeito nocivo.

Acho que vi um gatilho: um manual para lidar com desconfortos online.

O que é isso? Um gatilho? Nós sabemos que não temos como prever como os conteúdos online vão nos afetar, mas podemos desenvolver estratégias para lidar melhor com desconfortos e gatilhos online - e também aprender a criar filtros para evitá-los. Confira como no nosso manual:

Conta para a gente: quantas vezes você estava navegando na mais tranquila paz quando de repente um comentário, um post, um vídeo ou alguma interação online não desejada quebrou completamente a sua vibe e te fez revisitar sentimentos negativos? Essa sensação que intitulamos de “gatilho” é usada para expressar o efeito de quando algum conteúdo que consumimos nos dispara uma reação emocional. 

Mas com tanta coisa disponível na internet – e com a vulnerabilidade que pode surgir quando não desenvolvemos filtros para aquilo que consumimos –, como podemos identificar potenciais gatilhos e lidar melhor com eles quando surgirem? A resposta começa dentro de você: prestar atenção no que dói, no que alegra, no que você quer ver mais e também naquilo que você não quer engajar.

Para te ajudar nessa jornada, separamos algumas dicas para usar as emoções como bússolas e aumentar o nível do seu bem-estar online. Ah, e essas estratégias também servem para entender se o conteúdo que compartilhamos pode ou não ser gatilho para os outros:

Acolhendo as emoções:

A gente não consegue prever como cada tipo de conteúdo vai ressoar internamente, mas acolher as suas emoções pode auxiliar no entendimento do que as desencadeou. Vale refletir depois de uma reação forte: quais são as emoções que eu sinto diante desse conteúdo? De onde vieram essas sensações?

Criando estratégias:

Ao passo que vamos conhecendo as nossas emoções, podemos desenvolver estratégias para lidar melhor com elas online. Para começar, você pode ativar o controle de conteúdo sensível no Instagram em configurações > conta > controle de conteúdo sensível e escolher entre as opções de “limite” ou “limitar ainda mais”. Isso permitirá que conteúdos sensíveis sejam ocultados do seu feed, criando filtros mais eficientes de consumo.

Conteúdo antigatilho:

Tão importante quanto criar estratégias que minimizem o seu conteúdo com conteúdos potencialmente ofensivos é se cercar daquilo que te faz bem online. Nós não conseguimos controlar como  tudo o que vemos nos impacta, mas quando usamos esse espaço para gerar conexões verdadeiras tudo pode mudar! Qual é o seu tipo de conteúdo antigatilho?

Você não vai perder o bonde ao colocar sua saúde mental em primeiro lugar.

Quando a relação com a internet ficar desbalanceada, antes de reagir com a cabeça quente, quando estiver se comparando,se mesmo um perfil que você ama estiver te dando muitos gatilhos: dê uma pausa.

Pausar antes de reagir talvez seja um dos maiores superpoderes digitais. Muito se fala sobre a importância de se desconectar, mas pausar é algo muito mais fácil de fazer diariamente. Não precisamos abandonar as redes que amamos, os nossos telefones, os perfis que nos dão tanto. Mas podemos, sim, dar uma pausa sempre que essa relação ficar desequilibrada. Dar uma pausa antes de reagir com a cabeça quente a um conteúdo. Dar uma pausa antes de se comparar tanto com quem é tão diferente de você. Dar uma pausa naquele perfil que você ama, mas que, no momento, está te dando muitos gatilhos para sentimentos desafiadores. Você não vai perder o bonde ao colocar sua saúde mental em primeiro lugar.

Que tal ser mais gentil com a sua jornada?

Já diria o ditado “quem vê close não vê processo”. Por trás das conquistas que você vê online e da vida editada de estranhos na internet, existe uma série de perrengues, esforços e fatores que quase ninguém posta. Que tal ser mais gentil com a jornada que você tem construído por aí? No texto você confere 2 lições sobre o assunto.

Central de atendimento à comparação: como podemos te ajudar a se comparar menos hoje? Memes à parte, a gente sabe que a sensação que o digital nos dá de acesso ao outro pode nos tirar a noção de que aquilo que é postado representa somente uma parte do processo. Parece óbvio, mas é imprescindível lembrar que as telas são apenas um recorte (editado) de um todo. Afinal, é sobre isso e tá tudo bem, né? Pelo menos até o ponto em que essa comparação dos nossos bastidores com o palco do outro se torna empecilho para o bem-estar online.

Para te lembrar que nas telas e na vida offline todo resultado é precedido por um longo período de processo – que geralmente a gente não posta –, separamos duas lições sobre comparação, conquistas e telas para você levar pra vida:

Lição 1

Os perrengues, os dias difíceis e os corres que nos levam até as conquistas (quase) ninguém posta. Na hora que a comparação bater, que tal lembrar daquela sua conquista especial que demandou tanto esforço e processo por trás dos bastidores?

Lição 2

Para além das telas, todo mundo está enfrentando batalhas que os outros desconhecem. Enfrentar a comparação também é lembrar que olhar com mais gentileza para o outro nos ajuda a olhar com mais gentileza para os nossos próprios processos.

Se não existisse a validação do outro, o que você criaria hoje?

Escrever mais, começar um projeto novo, fazer lives, criar um podcast…Existe uma possibilidade de coisas para se fazer quando a gente supera a validação que vem de fora!

Nossa atuação na internet é uma parte dos nossos dias e de quem somos, e não o todo. Mas mesmo assim muitas vezes colocamos o nosso valor no que fazemos por aqui e, se não consideramos a resposta boa o suficiente, sofremos.

É maravilhoso sentir que o que criamos gerou conexão no outro, mas mais bonito ainda é a gente conseguir criar de um lugar tão genuíno que, com like ou não, o simples ato de compartilhar o que criamos já é o suficiente.

Hoje, experimente criar de um lugar do seu coração, respeitando os seus limites e as vulnerabilidades, onde mesmo ninguém curtindo, comentando, compartilhando ou até mesmo vendo, já vai te nutrir. Sem a expectativa de validação do outro, o que você criaria hoje? Vale tentar colocar em prática por aí!

Dois compromissos para construir um feed mais acolhedor:

Se o seu fee fosse um espelho, você se veria nele? Seguir perfis que nos inspiram e nos acolhem pode transformar a nossa relação com a internet.

Boa parte do nosso dia passamos em frente às telas: trabalhando, consumindo, conversando, nos entretendo. Esse contato tão próximo faz com que o que vemos por aqui influencie  a forma como enxergamos a nossa realidade, as nossas relações e a nossa autoimagem também. 

Quando falamos dos aspectos negativos na autoimagem, por exemplo, alguns dados nos explicam como esse impacto ocorre: segundo um estudo realizado pela instituição de saúde Florida House Experience, cerca de 88% das mulheres e 65% dos homens entrevistados comparam seus corpos às imagens que consomem online. Sendo que 50% das mulheres e 37% dos homens comparam de maneira negativa ou desfavorável.

Do outro lado, a gente também tem as potências da relação com as telas: construir  conexões, encontrar nossa turma, engajar naquilo que abrilhanta os nossos olhos, que nos inspira… Como podemos ampliar o que nos faz bem e minimizar aquilo que nos faz mal online? Um bom primeiro passo é se questionar sobre quais tipos de perfis estamos seguindo e engajando - afinal, são eles que direcionam a maior parte do conteúdo que consumimos. Para isso, você pode unir dois compromissos na construção dessa relação mais saudável com o seu feed: 

Compromisso 1: 

Compreender que o corpo, a imagem e o estilo de vida do outro não precisam ser parâmetros de sucesso para o meu.

Compromisso 2:

Fazer do meu feed uma extensão daquilo que eu gostaria de ver no mundo: pessoas diversas, experiências enriquecedoras e histórias plurais.
Lembre-se: um feed que reflete a pluralidade que queremos na vida faz com que a gente se enxergue com mais empatia, construa conexões mais profundas e abrace a diversidade ao nosso redor.